Em ambientes de alta demanda como mineração, terraplenagem e construção pesada, a durabilidade dos componentes mecânicos está diretamente ligada à qualidade dos procedimentos de manutenção. No caso do material rodante de escavadeiras, um fator crítico, e muitas vezes negligenciado, é a lubrificação do material rodante.
Neste artigo, vamos detalhar como a lubrificação do material rodante impacta diretamente a vida útil dos componentes, quais práticas devem ser adotadas no campo, quais são os erros mais comuns e como a manutenção correta pode reduzir custos operacionais e aumentar a confiabilidade da frota.
O que é o material rodante e quais componentes requerem lubrificação?
O material rodante (ou undercarriage) é o conjunto responsável pela locomoção de escavadeiras e tratores de esteira, sendo formado por:
- Correntes ou esteiras
- Roletes inferiores e superiores
- Rodas-guia
- Rodas motrizes (sprockets)
- Sapatas
Nem todos os componentes exigem lubrificação ativa, mas muitos dependem da lubrificação interna, vedada ou à graxa para manter o funcionamento adequado. Especial atenção deve ser dada a:
- Roletes selados
- Correntes lubrificadas
- Rodas-guia com lubrificação à graxa
Por que a lubrificação do material rodante é tão importante?
A função da lubrificação nesses componentes vai muito além de “reduzir atrito”. Em aplicações severas, ela garante:
- Dissipação de calor gerado por atrito
- Proteção contra entrada de contaminantes sólidos (terra, areia, rochas)
- Redução de desgaste entre metais em contato constante
- Prevenção de falhas prematuras em vedações, eixos e rolamentos
Equipamentos que operam com lubrificação deficiente ou inadequada tendem a apresentar desgaste acelerado, ruído excessivo, superaquecimento localizado e falhas como travamento de roletes, estouro de vedações e folgas anormais nas sapatas.
Tipos de lubrificação aplicáveis ao material rodante
Lubrificação selada com graxa
Em correntes SALT, a graxa é injetada nas buchas e retida por vedações. Essa tecnologia permite maior vida útil ao pino-bucha, com menor penetração de abrasivos.
Vantagens:
- Menor desgaste interno
- Menor risco de contaminação
- Maior durabilidade em ambientes abrasivos
Correntes lubrificadas com óleo
Mais comum em escavadeiras de grande porte. Utiliza óleo lubrificante entre pino e bucha, garantindo menor atrito em rotações altas.
Vantagens:
- Maior capacidade de dissipação térmica
- Redução de consumo energético em operações contínuas
Roletes e rodas-guia lubrificados
Normalmente são vedados e lubrificados em fábrica, mas devem ser verificados regularmente quanto a vazamentos, perda de lubrificação ou contaminação por entrada de água/poeira.
O que acontece quando a lubrificação do material rodante falha?
A falta de lubrificação ou o uso de graxas inadequadas podem gerar:
| Problema técnico | Consequência prática |
| Desgaste acelerado de buchas | Troca prematura da corrente |
| Travamento de roletes | Danos ao chassi inferior |
| Quebra de vedações | Entrada de contaminantes e falha total |
| Aumento de folgas | Perda de estabilidade na movimentação |
| Ruído anormal e superaquecimento | Risco operacional e perda de produtividade |
Boas práticas de lubrificação em campo
Para garantir a performance ideal do material rodante, adote as seguintes rotinas:
Verificação periódica
- Realize inspeções visuais a cada 8h de operação
- Verifique vazamentos de graxa ou óleo nos roletes e rodas-guia
- Meça folgas entre pino e bucha quando aplicável
Lubrificação programada
- Siga as orientações do fabricante quanto a tipo de graxa e intervalo de aplicação
- Utilize graxa EP2 para alta carga e temperatura (exceto se especificado diferente)
- Evite mistura de graxas incompatíveis
Registro e rastreabilidade
- Registre datas e produtos utilizados em sistemas de PCM
- Mantenha histórico de desgaste e lubrificação por equipamento
A influência da lubrificação na vida útil dos componentes
Com lubrificação adequada, é possível:
- Aumentar em até 30% a vida útil de correntes lubrificadas
- Reduzir falhas de roletes em até 40%
- Diminuir o consumo de peças de reposição e o tempo de máquina parada
- Melhorar o custo por hora (CPH) do equipamento
Comparativo real de desgaste:
| Componente | Lubrificação correta | Sem lubrificação correta |
| Corrente | 4.000 horas | 2.500 horas |
| Roletes inferiores | 6.000 horas | 3.500 horas |
| Rodas-guia | 5.000 horas | 3.000 horas |
Erros comuns na lubrificação do material rodante
- Utilizar graxa genérica sem considerar especificação de carga e temperatura
- Aplicar graxa em excesso, causando extravasamento e atração de poeira
- Ignorar vazamentos de vedações
- Não treinar operadores para reportar sintomas como ruídos, travamentos ou calor anormal

Lubrificação de material rodante é manutenção estratégica
A lubrificação do material rodante deve ser vista como parte essencial da estratégia de manutenção preditiva. Mais do que uma tarefa mecânica, ela representa um investimento em disponibilidade, segurança e rentabilidade.
Na ITR, aliamos tecnologia aplicada à durabilidade dos materiais com o conhecimento técnico acumulado em anos de experiência no campo.
Nossa linha de material rodante foi desenvolvida para alto desempenho e confiabilidade, mas sua longevidade depende diretamente de uma manutenção alinhada às boas práticas de lubrificação.



